1 de fevereiro de 2010

A CONSPIRAÇÃO DA GRIPE A

Estalou a polémica na Organização Mundial de Saúde (OMS). Um dos seus altos responsáveis nega que houve pandemia da Gripe A e acusa os laboratórios farmacêuticos de ter ligações suspeitas com a OMS. Por enquanto, são acusações graves que carecem de provas mas não espantam parte da população mundial, porque as teorias de conspiração sempre deliciaram o imaginário de cada um. No entanto, a dúvida subsiste e é pertinente: o medo que a gripe A despoletou foi real ou intencionalmente exagerado?
Se nos lembramos de como começou, o México - vai-se lá saber porquê – iniciou as hostilidades e o nível de contágio parecia altíssimo. Gerou-se logo o pânico não por causa da doença em si, mas por causa do empolamento feito pela televisão. A gripe espalhou-se pelos diversos continentes e, rapidamente, governos e laboratórios trataram de encontrar formas de combater a ameaça. Sendo uma estirpe da gripe, o receio prendia-se com a sua rapidez de contágio, a ameaça que ela representava para seres saudáveis (ao contrário da gripe sazonal) e as possíveis mutações que podia ter, pois o vírus ainda não está devidamente estudado.
A vacina e o tratamento foram introduzidos no mercado e, perante o medo, os governos compraram milhões de doses de vacinas e de medicamentos. No entretanto, apostava-se em medidas preventivas de higiene e de redução de contacto entre as pessoas, e rezava-se para que não houvesse muitas mortes, tendo em conta as previsões que apontavam para centenas de milhares de vítimas em cada país.
Até agora, morreram 14.142 em todo o mundo e 98 em Portugal. Felizmente, com estes dados, não se pode falar em pandemia. Alguns governos e órgãos de comunicação social começam então a especular sobre uma possível conspiração.
Enquanto não se apura a verdade (coisa que provavelmente nunca acontecerá), é importante que os governos percebam o que correu bem para que os danos fossem diminutos comparados com o previsto. As medidas preventivas, nomeadamente no que toca à higiene, foram muito profícuas. Este comportamento asséptico entrou no nosso estilo de vida e é de prever que se mantenha no futuro. O que não podemos é viver constantemente com o medo de que um vírus dizime parte da população (o que nos remete de certa maneira para a onda de pânico que se criou à volta das ameaças terroristas).
Como tal, convém que a próxima vacina da gripe sazonal já contenha o derivado contra a gripe A e que a OMS reveja a forma de analisar os dados para impedir o pânico empolado e alimentado pela comunicação social. Infelizmente, haverá sempre quem lucre com a desgraça dos outros, mas com estes acontecimentos, desde a doença das vacas loucas até ao H1N1, o mundo tem-se preparado para uma potencial pandemia que está cada vez mais perto e essa sim verdadeira.
por Paulo Noval

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